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Armiche Padrón(1)

Tradução do castelhano de PAT

 ... o revisionista – o de ontem e o de hoje, da Europa e da América Latina –, assume que os cartéis e os trusts (privados e públicos) conseguem que as crises do capitalismo sejam cada vez mais raras e superficiais, uma vez que são capazes de atenuar as contradições de classe.

 

 

 A luta ideológica que, desde o século XIX, o marxismo trava contra o revisionismo não acabou. E mantém-se a um tal ponto que, hoje em dia, é rotineiro ver, ouvir e ler as apresentações revisionistas na TV, rádio, jornais, “redes sociais”, políticas governamentais e discursos políticos – e não só do que chamam oposição, uma vez que a MUD(2) não é o único espaço contrarrevolucionário, embora seja o mais rasteiro e servil que conhecemos em 200 anos de existência republicana.

Lénine ilustrou três formas primárias de o revisionismo se expressar: em termos filosóficos, em termos económicos e em termos políticos. Vejamos até que ponto tais conceções continuam em vigor, isto é, vamos ver se as observamos hoje em alguém; se assim for, estamos na presença de um revisionista.

Filosoficamente, o revisionismo tem por base Kant e grita bem alto que o materialismo foi refutado e que, portanto, a dialética, revolucionária e violenta, deve dar lugar à simples e pacífica “evolução” das coisas. Isto a partir da cumplicidade, nem sempre indireta, com a religião e demais formas idealistas do pensamento, que os leva a destacar o papel do individualismo (o líder) e a premissa de que “Deus ajudará” perante qualquer dantesca e inconveniente dificuldade.

Daí que ao revisionista seja mais vantajoso e fácil colocar sempre a culpa fora do seu mundo real, em vez de partir da análise das suas debilidades, erros e vícios cometidos na sua aventura “humanista” (enviesamento do revisionismo moderno, herdado da teologia do século XIX, de que Deus guia os seus passos contra os malvados materialistas dialéticos).

A segunda variante ilustrada por Lénine, em Marxismo e revisionismo (1908), é a forma como o revisionismo se expressa em matéria económica, negando que a concentração e a deslocalização da pequena produção pela produção em larga escala ocorrem em todos os setores da economia capitalista, incluindo no sector camponês. Isto leva-os a pressionar o campesinato para assumir o ponto de vista dos proprietários (a burguesia), como acontece com o resto das camadas médias: daí, que o conceito de “empreendedor” engane essas camadas médias exploradas, alimentando-lhes a alma com a perspetiva de que, com um pequeno crédito e o apoio de fundações filantrópicas do setor privado ou instituições do Estado, a não ser que venha uma nova eleição, se sentarão à mesa de Mendoza e Cisneros3 a discutir sobre as questões financeiras... o revisionista grita: Viva a pequena produção camponesa! Viva a horta urbana no terraço! Viva o camponês pobre, mas dono das suas misérias! Recuemos com os avanços da ciência que golpeiam a nossa centenária cultura!

Da mesma forma, o revisionista – o de ontem e o de hoje, da Europa e da América Latina –, assume que os cartéis e os trusts (privados e públicos) conseguem que as crises do capitalismo sejam cada vez mais raras e superficiais, uma vez que são capazes de atenuar as contradições de classe. Assim, o revisionista passa do discurso privatizador ao discurso nacionalizador com o descaramento imoral e incrível, mas natural, que lhe confere a sua convicção antimaterialista.

 

1- Especial para “Tribuna Popular”, órgão do Comité Central do Partido Comunista da Venezuela (PCV).

2- MUD: Mesa de Unidade Democrática, coligação de partidos políticos reacionários da Venezuela, atualmente em maioria no Parlamento. – NE.  

 

Publicado em 2017/03/18, em: https://prensapcv.wordpress.com/2017/03/18/como-reconocer-a-un-revisionista-en-el-siglo-xxi-i/

 

 

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